3º EJA- Correção das Atividades Semana 2 - Complementar 21 a 25/09

 CORREÇÃO - GABARITO

2 poesias encantadoras de Adélia Prado com Atividades:

 

1.    Com licença poética

 

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não tão feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos

— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.

 

Mulher é desdobrável. Eu sou.

 

 

Inserido em Bagagem, seu livro de estreia, Com licença poética é o poema que inaugura a obra e faz uma espécie de apresentação da autora até então desconhecida do grande público.

 

Os versos tecem uma clara referência (e homenagem) ao Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade. O poeta, aliás, foi de suma importância na carreira de Adélia. Drummond não só foi material de inspiração poética como ajudou a escritora mineira nos primeiros tempos da sua carreira, indicando o seu livro a um editor que veio a publica-la.

 

Encontramos nos versos acima um tom de oralidade, marcado pela informalidade e pelo desejo de proximidade com o leitor. É como se o eu-lírico generosamente se oferecesse ao leitor, entregando as suas qualidades e defeitos sob a forma de verso. No poema vemos também a questão do que significa ser mulher na sociedade brasileira sendo sublinhandas as dificuldades que o gênero costuma enfrentar.

 

 

 

ATIVIDADE 1. Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

 

I. Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida

                  (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)

 

II. Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim.

                  (BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)

 

III. Quando nasci um anjo esbelto

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Carga muito pesada pra mulher

Esta espécie ainda envergonhada.

                  (PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

 

 

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por:

a) reiteração de imagens.

b) oposição de ideias.

c) falta de criatividade.

d) negação dos versos.

e) ausência de recursos.

 

 

 

 

2.    Casamento

 

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como “este foi difícil”

“prateou no ar dando rabanadas”

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

 

 

Casamento narra a história de um casal aparentemente maduro, sereno, estável, que experimenta um amor tranquilo e sem sobressaltos.

 

O eu-lírico enfatiza o seu desejo de cuidar do parceiro e de estar ao seu lado, ainda que isso implique muitas vezes sair da sua zona de conforto. Ela levanta-se a meio da noite para estar junto dele na cozinha enquanto os dois, juntos, preparam a refeição do dia a seguir. Tudo acontece com profunda naturalidade. A relação de longo prazo se baseia nesses pequenos gestos de companheirismo cotidiano.

 

O casal partilha o silêncio e cada um dos membros parece confortavelmente acolhido na presença do parceiro.

 

 

ATIVIDADE 2.

O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma

a) expectativa do marido em relação à esposa.

b) imposição dos afazeres conjugais.

c) disposição para realizar tarefas masculinas.

d) dissonância entre as vozes masculina e feminina.

e) forma de consagração da cumplicidade no casamento.

 

ATIVIDADE 3. No texto de Adélia Prado, o eu lírico feminino revela, a partir de suas experiências, que o casamento é

 

a) frustração e desencanto com o outro.

b) troca paulatina do amor pela subserviência.

c) vínculo baseado na cumplicidade e no respeito.

d) ausência permanente de palavras e ações carinhosas.

e) cárcere onde a mulher é condenada a cuidar do lar.

 

ATIVIDADE 4. Um dos procedimentos consagrados pelo Modernismo foi a percepção de um lirismo presente nas cenas e fatos do cotidiano. No poema de Adélia Prado, o eu lírico resgata a poesia desses elementos a partir do(a)

 

a)    reflexão irônica sobre a importância atribuída aos estudos por sua mãe.

b)    sentimentalismo, oposto à visão pragmática que reconhecia na mãe.

c)    olhar comovido sobre seu pai, submetido ao trabalho pesado.

d)    reconhecimento do amor num gesto de aparente banalidade.

e)    enfoque nas relações afetivas abafadas pela vida conjugal.

 

 

Quem quiser ler mais poesias de Adélia, deixo aqui um link com as 9 melhores:
https://www.culturagenial.com/poemas-adelia-prado/

 

 

Forte, abraço.

 

 

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